"Pouco
antes de amanhecer, Michael e Michele retornaram à hospedaria onde haviam
passado parte da noite anterior. Ele deixou o carro num pátio de terra diante
da velha estalagem, debaixo de uma árvore, e dirigiu-se ao mesmo quarto da
véspera, acompanhado pela namorada. No saguão, encontraram a hospedeira, uma
senhora bojuda e atenciosa, com voz de barítono e rosto que lembrava as feições
de um dos Três Patetas. A boa mulher trazia um lenço colorido na cabeça e, com
um balde de água, esfregão e detergente, aproveitava aquelas horas vazias que
antecediam a alvorada para lavar os corredores do seu estabelecimento. Ao ver o
rapaz naquele estado, coberto por terra e com a roupa toda encardida, indagou
num inglês sofrível:
-
Mas o que acontecer... cair num brejo?
-
Estava no cemitério, desenterrando os mortos. Gracejou Michael.
A
velha senhora persignou-se diversas vezes, mastigando algumas palavras de
esconjuro, as quais ninguém compreendeu. Eles subiram as escadas escuras rindo
da brincadeira e entraram no quarto, que cheirava a cobertor guardado por longo
tempo. Embora não fosse grande, possuía a vantagem de ter banheiro próprio e
era limpo. O moço atirou sua mala sobre a cama e foi abrir a janela para arejar
o ambiente. Aos poucos, a manhã ia despertando, preguiçosa, tingindo as casas e
os campos com os matizes da aurora. Depois, Michael lavou o rosto na pia e
abriu o chuveiro, deixando a água escorrendo até encher uma enorme banheira de
louça branca. Ele despiu-se, jogou a roupa suja num canto e mergulhou naquelas
águas quentes e reconfortantes. Enquanto relaxava de olhos fechados, ouviu o
celular tocando insistentemente no bolso de seu sobretudo, o qual ele pendurara
num gancho atrás da porta. O banho estava tão agradável, que o rapaz recusou-se
a sair dali naquele momento e resolveu não atender. Michele abriu a porta,
aproximou-se do namorado e perguntou:
-
Quem era?
-
Não sei... Certamente não era para nós, pois este celular nem é nosso.
-
Talvez fossem aqueles bandidos...
Ao
ouvir tais palavras, Michael arrepiou-se. Teriam conseguido ler o texto em
latim do diário de Jacques de Molay? E se tivessem lido, de que lhes serviria?
O livro não revelava o local para onde os cavaleiros haviam levado o fabuloso
tesouro do Templo. Uma coisa era certa. Quando Macrino e seu comparsa
descobrissem isso, viriam outra vez atormentar o rapaz. Ele apanhou o sabonete
e, esfregando-o suavemente sobre seu corpo, disse:
-
Não me fale nesses assassinos..."
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